Nunca apreciei profundamente nenhuma delas, embora saiba que são excelentes atrizes. De Havilland, em contraste com sua imagem pública comportada e boazinha, sempre teve um temperamento inflexível e brigão. Fontaine, insossa e sofisticada, em cena parece estar repetindo o mesmo personagem de inúmeros outros filmes que fez: a vítima apaixonada, frágil e desorientada.
Elas sempre tiveram uma relação difícil, começando na infância, quando Olivia teria rasgado uma roupa de Joan, forçando-a a costurá-la novamente. A rivalidade e o ressentimento resultam também da percepção de Joan em relação ao fato de Olivia ser a filha favorita da mãe delas, a atriz Lillian Augusta Ruse. JOAN FONTAINE, certa vez, declarou: “Lamento, mas não me lembro de um ato de bondade de minha irmã durante toda a minha infância. Em 1933, quando ela tinha 17 anos, jogou-me na laje da piscina e pulou em cima de mim, fraturando a minha clavícula”. Segundo o biógrafo Higham, OLIVIA DE HAVILLAND nunca conseguiu dividir a atenção maternal com a irmã mais nova, além disso ela se via como “a mais bonita e a mais talentosa”, chegando a fazer um testamento, em uma de suas brincadeiras de criança, deixando toda a sua beleza para a sua irmã, “que nada possui”. Nos estudos, no entanto, era Joan quem se destacava.
A sorte de JOAN FONTAINE mudou numa festa na casa de Charlie Chaplin, onde jantava sentada casualmente ao lado do produtor David O. Selznick, que terminou convidando-a para fazer um teste para “Rebecca, a Mulher Inesquecível”. Disputando o papel com Vivien Leigh e Anne Baxter, entre outras, ela se saiu vitoriosa, mudando os rumos de uma carreira até o momento marcada por filmes B ou papéis pequenos em clássicos como “Rua de Gualidade/ Quality Street”(1937), de George Stevens; “As Mulheres / The Women” (1939), de George Cukor; e “Gunda Dim / Idem” (1939), também de Stevens.
A relação entre as irmãs continuou a deteriorar-se após os incidentes na cerimônia do Oscar. Em 1975, aconteceria algo que faria com que elas deixassem de se falar definitivamente: segundo Joan, Olivia não a convidou para um ritual religioso em homenagem a mãe delas recentemente falecida. Mais tarde, Olivia afirmou que tentou comunicar Joan, mas ela se encontrava muito ocupada para atendê-la. Charles Higham também diz que Joan tem uma convivência distante com suas próprias filhas, talvez porque tenha descoberto que elas sempre mantiveram uma amizade secreta com a tia Olivia. Ainda hoje as irmãs se recusam a falar publicamente sobre sua delicada situação, apesar de JOAN FONTAINE ter comentado em entrevista que muitos boatos a respeito delas surgiram dos “cães de publicidade” do estúdio.
No 50 º aniversário do Oscar, em 1979, Olivia e Joan tiveram que ser colocadas em extremidades opostas no palco, evitando um bate-boca público. Nos bastidores, nem se cumprimentaram. Dez anos mais tarde, na mesma cerimônia, haviam reservado para elas quartos vizinhos em um hotel, mas Joan exigiu mudança imediata. Quando o presidente Nicolas Sarkozy conferiu o prêmio de maior prestígio da França, a “Légion d'Honneur”, para Olivia, Joan ignorou a ocasião, como ignorou todos os aspectos da existência de sua irmã ao longo de décadas.
Numa entrevista recente, perguntaram a Joan se elas ainda se reconciliariam, e ela respondeu honestamente: “Melhor não”, continuando: “Minha irmã Olivia é uma mulher muito peculiar. Quando éramos jovens, eu não tinha permissão para conversar com seus amigos. Agora, eu não estou autorizada a falar com seus filhos e eles são proibidos de me ver. Essa é a natureza dessa mulher. Já me acostumei e atualmente já não me incomoda sua forma difícil de ser”.
MELHORES ATUAÇÕES de OLIVIA
(por ordem de preferência)
01
Na COVA das SERPENTES
(The Snake Pit, 1949)
direção de Anatole Litvak
Com: Mark Stevens, Leo Genn e Celeste Holm
Melhor Atriz do National Board o Review
Melhor Atriz da Associação dos Críticos de Cinema de Nova York
Taça Volpi de Melhor Atriz no Festival de Veneza
02
TARDE DEMAIS
(The Heiress, 1949)
direção de William Wyler
Com: Montgomery Clift, Ralph Richardson e Miriam Hopkins
Oscar de Melhor Atriz
Globo de Ouro de Melhor Atriz-Drama
Melhor Atriz da Associação dos Críticos de Cinema de Nova York
03
...E o VENTO LEVOU
(Gone With the Wind, 1939)
direção de Victor Fleming
Com: Clark Gable, Vivien Leigh, Leslie Howard,
Thomas Mitchell e Hattie McDaniel
04
SÓ RESTA uma LÁGRIMA
(To Each His Own, 1946)
direção de Mitchell Leisen
Com: John Lund
Oscar de Melhor Atriz
05
ESPELHOS D’ALMA
(The Dark Mirror, 1946)
direção de Robert Siodmak
Com: Lew Ayres e Thomas Mitchell
MELHORES ATUAÇÕES de JOAN
(por ordem de preferência)
01
REBECCA, a MULHER INESQUECÍVEL
(Rebecca, 1940)
direção de Alfred Hitchcock
Com: Laurence Olivier, George Sanders e Judith Anderson
02
CARTA de uma DESCONHECIDA
(Letter from an Unknown Woman, 1948)
direção de Max Ophuls
Com: Louis Jourdan
03
SUSPEITA
(Suspicion, 1941)
direção de Alfred Hitchcock
Com: Cary Grant e Sir Cedric Hardwicke
Oscar de Melhor Atriz
Melhor Atriz da Associação dos Críticos de Cinema de Nova York
04
ALMA sem PUDOR
(Born to be Bad, 1950)
direção de Nicholas Ray
Com: Robert Ryan, Zachary Scott, Joan Leslie
e Mel Ferrer
05
Na VORAGEM do VÍCIO
(Something to Live For, 1952)
direção de George Stevens
Com: Ray Milland e Teresa Wright
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